1945 - VIDA ECONÔMICA DO JARDIM
Os dados apresentados são do trabalho de Joaquim
Alves, "O Vale do Cariri", publicado na Revista do Instituto do
Ceará. Apresentaremos algumas informações relativas a Crato, Juazeiro e Brejo
Santo apenas para efeito comparativo e de análise.
"Um dos traços mais fortes da vida do Vale do
Cariri, é a subdivisão da propriedade agrícola, registrando-se no
decurso de 22 anos, 1920-1942, acentuado índice subdivisionário:
Município |
1920 |
1942 |
Diferença |
Crato |
269 |
785 |
516 |
Juazeiro |
140 |
547 |
407 |
Jardim |
271 |
994 |
723 |
Brejo Santo |
171 |
1.430 |
1.259 |
Jardim, com a maior superfície do Vale, pouco maior
do que Crato 95 quilômetros, tinha, em 1920, 271 propriedades, apresenta-se em
1942, com 723. Localizado no extremo sul do estado, possui áreas mais extensas
par criação, sendo limitados os seus brejos e as suas fontes perenes, deveria
estar menos exposto à subdivisão territorial, mas a penetração continuada de
elementos do Pajeú, Pernambuco, durante decênios, que se fixaram ao solo e
adquiriram, inicialmente, as propriedades de criar, e posteriormente, sítios de
brejo, forçou a subdivisão da propriedade em mãos de antigos agricultores sem
ânimo para cultivar a terra, resultando um elevado índice subdivisionário, em
relação a Crato, apresentando, no último censo um número de 452 propriedades a
mais. (pág. 123)
A vida econômica do Vale do Cariri firma-se na
produção agrícola, sendo a cultura da cana a mais desenvolvida. Existem no seu
território 300 engenhos, sendo 222 movidos a força motriz e 78, a força animal,
assim distribuídos:
Municípios |
Força Motriz |
Força Animal |
Total |
Crato |
34 |
40 |
74 |
Juazeiro |
15 |
10 |
25 |
Jardim |
25 |
7 |
32 |
Brejo Santo |
15 |
------ |
15 |
Os aviamentos para a fabricação da farinha de
mandioca se elevam a 740, sendo:
Municípios |
Total |
Crato |
179 |
Juazeiro |
80 |
Jardim |
52 |
Brejo Santo |
77 |
A produção
agrícola do Vale do Cariri, no biênio 1939-1940, atingiu, aproximadamente, os
seguintes números:
1939
Município |
Rapadura 1 kg |
Arroz 60kg |
Farinha 60 kg |
Milho 60kg |
Feijão 60kg |
Algodão 1 kg |
Crato |
3.000.200 |
6.600 |
24.000 |
9.890 |
1.200 |
155.500 |
Juazeiro |
1.119.600 |
5.000 |
1.000 |
13.600 |
13.600 |
224.000 |
Jardim |
600.00 |
3.400 |
5.000 |
9.600 |
8.000 |
11.200 |
B. Santo |
960.000 |
32.000 |
6.000 |
100.000 |
10.500 |
84.000 |
Nesta
ano de 1939, Jardim produziu 60.000 quilos de mamona. E em 1940 foram 1.200.000
quilos de mamona.
1940
Municípios |
Rapadura 1 kg |
Arroz 60kg |
Farinha 60 kg |
Milho 60kg |
Feijão 60kg |
Algodão 1 kg |
Crato |
5.130.960 |
8.320 |
70.000 |
14.945 |
660 |
291.200 |
Juazeiro |
960.00 |
5.600 |
10.000 |
18.000 |
5.000 |
504.000 |
Jardim |
1.260.000 |
5.000 |
9.500 |
18.400 |
8.000 |
111.888 |
B. Santo |
10.000 |
24.000 |
5.200 |
92.000 |
5.200 |
168.000 |
1941
Municípios |
Rapadura 1 kg |
Arroz 60kg |
Farinha 60 kg |
Milho 60kg |
Feijão 60kg |
Algodão (arroba) |
Crato |
6.700.000 |
150 |
10.500 |
237 |
55 |
1.286 |
Juazeiro |
1.200.000 |
222 |
8.700 |
950 |
409 |
1.500 |
Jardim |
12.000 |
140 |
160.000 |
800 |
1.200 |
500 |
B. Santo |
800.000 |
625 |
5.145 |
4.115 |
1.384 |
7.687 |
1942
Municípios |
Rapadura 1 kg |
Arroz 60kg |
Farinha 60 kg |
Milho 60kg |
Feijão 60kg |
Algodão (arroba) |
Crato |
------ |
100 |
----- |
125 |
30 |
666 |
Juazeiro |
800.000 |
93 |
12.000 |
400 |
175 |
750 |
Jardim |
410.000 |
120 |
100.000 |
1.000 |
1.231 |
500 |
B. Santo |
750.000 |
300 |
5.985 |
1.366 |
600 |
2.200 |
A produção agrícola do biênio 1941-1942 sofreu um
decréscimo, no último ano, em virtude da seca que assolou o Nordeste. Os
números dizem melhor do que os comentários. A redução é compensada pelo aumento
dos preços, embora o sofrimento dos operários rurais seja maior, acrescido pelo
aumento ocasional da população, vinda dos sertões dos municípios vizinhos e dos
estados limítrofes.
AS RENDAS DOS MUNICÍPIOS DO VALE
O movimento das exatorias federais, estaduais e
municipais, no triênio 1939-1941, revela a extensão dos negócios realizados
pelas atividades comerciais e agropecuárias.
Existem três coletorias federais: Crato, Juazeiro e
Barbalha cuja arrecadação no referido triênio atingiu as importâncias de Cr$
2.776.663,0 cruzeiros para o federal, Cr$ 5.075.908,0 para o estadual e
4.230.136,0 para o municipal.
O Vale do Cariri realiza um crescimento econômico
proporcional ao demográfico. As suas atividades não se detêm. O homem procura
atender à necessidade sempre crescente da vida social desenvolvendo novas
indústrias, explorando de modo eficiente as já existentes. (...)
Aspecto interessante da vida econômica do Vale do
Cariri é o preço dos tecidos, com uma diferença a menos sobre o da capital de
20% a 25%, o que explica as suas rendas avultadas nas exatorias, permitindo a
existência de grande número de estabelecimentos comerciais em suas cidades e
vilas, elevando-se a 1.047, sendo Crato com 298, Missão Velha, 190, São Pedro
(Caririaçú), 49, Barbalha, 103, Juazeiro, 220, Jardim, 87 e Brejo Santo, 100.
Os estabelecimentos industriais se elevam a 1.307.
Crato possui 318, Missão Velha, 370, Caririaçú, 2, Barbalha, 128, Juazeiro,
152, Jardim, 157 e Brejo Santo, 200.
É a este elevado número de estabelecimentos que o Vale deve a sua prosperidade
econômica. (págs. 124-128)
NOTA: Joaquim Alves é jardinense, e produziu este
trabalho em 1945. Um questionamento que se deve fazer o cidadão jardinense é, o que aconteceu de lá pra cá? Como um
município com produção agrícola e industrial equiparada aos demais municípios
da Região do Cariri, não conseguiu crescer do mesmo modo? Fica a pergunta, e
que as futuras análises nos respondam tal questionamento.
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