segunda-feira, 9 de novembro de 2020

SEGURANÇA PÚBLICA DE JARDIM

 

SEGURANÇA PÚBLICA DE JARDIM ANTERIOR A 1986

 

                A violência que assola hoje a nossa cidade de Jardim por causa das drogas, nem sempre existiu. Vejamos como Maria Alacoque descreve nossa cidade antes de 1986.

                "Jardim se caracteriza, entre outras coisas, pelo espírito ordeiro  do seu povo. Excetuando-se alguns casos de violência registrados no passado, o povo jardinense sempre primou pela ordem, pelo acatamento às autoridades, pela obediência às leis e pelo respeito aos semelhantes.

                A violência urbana tão comum nos dias atuais, ainda não atingiu aquele pedaço do Ceará. Justifica-se tal fato mercê de dois fatores: o espírito cristão do povo e a solidariedade e amizade que unem a todos. Ali todos se conhecem, amam e respeitam, pois estão ligados por laços afetivos, quando não sanguíneos.

                Este lado pacífico do povo está patenteado nos pouquíssimos casos registrados pela delegacia de polícia.

                A delegacia Regional de Jardim construída nos últimos 5 anos (aproximadamente em 1981), está localizada na Avenida Wilson Roriz e possui 3 celas com 4 soldados em exercício: Antônio Clovis Soares, Luís Mariano de Souza, Francisco Fernandes de Sousa e José Luciano da Silva. O delegado é (era) o Sr. José Walmir Moreira, 2º sargento da Polícia Militar.

                Jardim passou a distrito policial em 18 de março de 1842. A cadeia Pública foi de imediato edificada no local onde funciona o Hotel Barra do Jardim, na Praça Professor Joaquim Alves. Anexa funcionava a Delegacia de Polícia. A segurança pública contou com a  colaboração muito valiosa de um filho da terra. Era o carcereiro Totônio Luminata, que desempenhou dignamente as funções por vários anos.

                Ao longo dos anos, muitos jardinenses e pessoas vindas de fora exerceram as funções de delegado de polícia, valendo serem mencionados: Cirilo Leite Rangel, Valdemiro Aleixo, Antônio Amaro Sobrinho, Francisco Ancilon, Antônio Carvalho, João Valões, Raimundo Delídio Pereira, Sargento Rossini, Tenente Dourado, Antônio Pereira, José Pinto Maciel, Sargento Amaral.

                Sobre os delegados, muito se comenta a respeito. O Dr. Alberto Galeno nos contou que quando seu pai, o Dr. Antônio Galeno da Costa e Silva era juiz de Jardim, um homem do povo praticou homicídio, fugindo em seguida para lugar ignorado.

                O delegado, Senhor Rangel, na ânsia de resguardar a segurança do povo, parte no encalço do terrível criminoso. E não o encontrando, leva presos os filhos e a mulher deste.

                Tomando conhecimento do caso o juiz condena a atitude do delegado e ordena a soltura dos  prisioneiros  que nada tinham que ver com o caso. O delegado se recusa a obedecer à ordem judicial, sob a alegação de que na delegacia era ele quem mandava. O juiz comunicou o fato ao Chefe da Polícia e pediu a demissão de delegado. sabendo do ocorrido, o vigário, Padre Alcântara, usa do seu prestígio para manter o delegado no cargo. E o juiz, ferido nos seus brios de autoridade, pediu transferência para outra comarca".

 

Fonte: PEREIRA, Maria Alacoque de Lima. Jardim: sua história e sua gente. págs 36 e 37.

 

                Ainda sobre a segurança pública de Jardim, vejamos o que nos conta João Brígido:

'No livro Nossos Antigos, bons burros e bravos, João Brígido descreve sobre casos na população do Ceará, de pessoas que falam errado. Em um dos exemplos cita um oficial de Jardim: Em 1850 ainda, um subdelegado do Jardim (Jorge) dizia que jejuava com latrocínios, em vez de laticínios; a um correio extraordinário, chamava desastrado. Para ele, biatamente queria dizer imediatamente, e conianamente - continuamente. Aos soldados do destacamento, que andavam enrixados, com os escravos de um engenho vizinho, fez ele esta prática: - "Srs. soldados, seio que Vossas Mercês andam numa guerra incivil com os negros do velho coronel João Leite; se as cousas não forem a malinar (amainar), as consequências serão honestas (funestas)".

 

Publicado no livro Antologia de João Brígido, de Jáder de Carvalho, p. 340

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