segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Leonel pereira de Alencar em Jardim (1801)

 

                Joaquim Pereira de Alencar e Teodora Rodrigues da Conceição vieram a ser pais de Bárbara Pereira de Alencar e de Leonel Pereira de Alencar ("seu" Dão). Bárbara nasceu em 11 de fevereiro de 1760 na fazenda Caiçara. Não se sabe a data de nascimento de Leonel, mas aparentemente era original de Salamanca, Barbalha, e possivelmente mais novo que Bárbara. É estranho que Leonel tenha nascido em Barbalha, já que aparentemente seu pai Joaquim só saiu de Exu para o Crato quando já era velho. No final do século XVIII alguns dos filhos de Joaquim Pereira de Alencar deixaram Exu e foram residir no sul do Ceará, especialmente em Jardim e no Crato (CE).

                A partir de 1790 aconteceu uma grande seca no nordeste, que durou quatro anos, fazendo milhares de mortos. Considerável número de famílias dos sertões do Rio São Francisco encaminharam-se em 1792, para as cabeceiras do Riacho dos Porcos (antiga região indígena) fugindo desta grande seca.

                Fundaram o povoado de Santo Antônio do Jardim (hoje Jardim). Leonel Pereira de Alencar veio a se casar em primeiro de janeiro de 1801 com sua prima Maria Xavier da Silva, que era original de Jardim, filha do Capitão João Pereira de Carvalho e de sua mãe homônima, ambos da Bahia. A mãe Maria Xavier da Silva era filha de José Pinto Ramalho. João Pereira de Carvalho tinha o apelido de “Baiano”, tendo sido procedente de Jeremoabo (BA). Instalou-se na fazenda Coitezeira em Jardim, foragido da polícia baiana, por ter cometido crime de morte. É possível que João ou sua esposa fossem parentes dos Alencares, mas não é conhecida esta ligação. É possível que esta ligação esteja em Leonel de Alencar Rego e sua esposa que aparentemente deu o nome Pereira a seus últimos filhos.

                Leonel Pereira de Alencar e Maria Xavier da Silva vieram a ser pais de Joaquim Leonel de Alencar e de Ana Josefina de Alencar. Joaquim Leonel de Alencar aparentemente nasceu em Jardim em 1810. Leonel foi proprietário do engenho que ficava à vista da cidade do Jardim, lado oposto do ribeiro.  

                     A história da família diz que Joaquim Leonel de Alencar, filho de Leonel Pereira de Alencar e Maria Xavier da Silva, fugiu da família chocado com o amancebamento de sua irmã Ana Josefina de Alencar com o padre e primo José Martiniano de Alencar. Aparentemente, ele tinha 14 anos de idade na época da morte de seu pai e 16 na época do amancebamento de sua irmã. A história da família também diz que ele fugiu para um lugar de nome Serra Negra.

                Na realidade, Joaquim Leonel de Alencar deve ter fugido para Exu, Bodocó (PE) ou redondezas, onde tinha muitos parentes. Por lá deve ter conhecido Maria Gentil da Costa, descendente da família  Granja, que era uma das mais poderosas famílias da região onde hoje fica Ouricuri, Parnamirim e Veneza, em Pernambuco. O mais provável é que seu casamento (c1830) com uma filha da família Granja deve ter propiciado a Joaquim a posse da fazenda Serra Preta, em Ouricuri. A localidade Serra Negra mencionada pela história da família como ponto final da fuga de Joaquim Leonel é na verdade a fazenda Serra Preta, que ele veio a possuir possivelmente após o casamento com Maria Gentil da Costa.

               O povoamento do logradouro Aricuri em terras pertencentes à Fazenda Tamburil nas encostas da Serra do Araripe se deu no início do século XIX. Região de clima ameno e abundantes pastagens naturais, o logradouro passou a ser conhecido por Ouricuri, corruptela de aricuri, que é uma palmeira muito comum na região. Há quem diga que o nome do município tem origem numa corruptela da palavra indígena aricori, que significa ‘duas serras próximas’. Realmente, existem duas serras próximas a Ouricuri, mas a versão mais aceita para a origem do nome da cidade é a da palmeira aricuri. Os descendentes do padre Francisco Pedro da Silva costumam dizer que ele foi o fundador de Ouricuri, mas quando este por lá chegou em 1842 vindo de Sousa, na Paraíba, a vila já estava em pleno crescimento.

             Entretanto, tendo sido ele uma pessoa empreendedora e política, contribuiu muito para o desenvolvimento da vila.  

(Retirado do artigo de José Roberto de Alencar Moreira: História da família Seixas de Alencar. Brasília, 2000.)

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