segunda-feira, 23 de novembro de 2020

DISCURSO A PINTO MADEIRA PROFERIDO NA REINAUGURAÇÃO DO CRUZEIRO DO SÉCULO EM CRATO

 

REINAUGURADA A CRUZ DO SÉCULO

          (Cruzeiro do Século em Crato, local onde Pinto Madeira foi fuzilado. Do Blog A Munganga)


 

          (Bairro Pinto Madeira em Crato. Foto de Dihelson Mendonça. Do Blog do Crato: 12/02/2014.)

No dia 11 de Junho de 1980, em brilhante solenidade, á noite, depois de uma procissão em que milhares de pessoas trouxeram, a pé, do Parque de Exposições, até ao primitivo local, foi re-inaugurada a Cruz do Século. O ato fez parte da programação do Jubileu de Ordenação Episcopal do Bispo Diocesano do Crato, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos (25 anos). O local foi urbanizado e inaugurado pelo Prefeito Ariovaldo Carvalho. Assentada a cruz do século, pronunciaram-se ali dois discursos, que transcrevemos a seguir:

 

Discurso do Jornalista Lindemberg Aquino, representante do Município

 

Após oitenta anos em que aqui foi trazida pela católica população do Crato, para aqui ficar assinalando o ingresso da humanidade no Século XX, eis que volta hoje, a este mesmo local, devidamente urbanizado e transformado em panteon cívico do povo do Crato, a Cruz do Século.

É ela o símbolo expressivo da catolicidade da boa gente desta Terra, que nunca negou a sua formação religiosa.

É ela que traduz, na singeleza de sua madeira pobre, a mais genuína manifestação de fé do nosso povo.

Junta-se a ela, para fazer-lhe companhia, o marco simbólico do local em que foi executado o HERÓI JOAQUIM PINTO MADEIRA.

Por uma coincidência histórica, foi neste mesmo local, sobre este mesmo chão que pisamos neste instante, que aqui foi executado Pinto Madeira, em nome dos ideais de liberdade e da bandeira de lutas cívicas que ele empreendeu, em sua tormentosa existência.

Em 28 de Novembro de 1834 caia aqui, sob a ação do pelotão de fuzilamento, aquele que preferira dar sua vida à causa sacrossanta que abraçara.

Chegava ao fim uma existência de lutas e de estoicismos.

Pinto Madeira que combatera os sediciosos de 1817 e 1823.

Que combatera a Confederação do Equador, em 1824, por entender, fiel ao seu Rei, que, vingado o movimento, um corpo estranho, talvez uma nova Província, um novo país, saísse daqui, dividindo a unidade nacional que portugueses, índios e negros vincaram com seu sangue e seu sacrifício.

Pinto Madeira que voltou a guerrear em 31, por força do atavismo de sua formação democrática e liberal, ainda em defesa da unidade da Pátria, entregue às regências, depois da saída do Imperador.

O Panteon Cívico que a administração Ariovaldo Carvalho entrega, hoje, ao povo do Crato, deverá ser, doravante, o ponto de referência turística, no mapa cívico da cidade, local em que a cidade reverenciará o seu herói, à sombra da Cruz e eternizará a sua memória, envolta na lembrança do seu sacrifício.

Muito justa e oportuna a inclusão desta solenidade, nas Festas Jubilares do Senhor Bispo Dom Vicente.

A Igreja tem acompanhado o Crato desde os primórdios de sua história, na descoberta, colonização e povoamento do seu território, nos feitos épicos dos seus filhos, na educação de sua gente, testemunho de sua luta.

Nada mais justo do que a Igreja, hoje, presente aqui, em que a memória de Pinto Madeira e a recolocação da Cruz do Século marcam o  advento de uma obra urbanística que estava faltando, e que se completa com tudo isso, e essa celebração cívico-religiosa que tanto fala aos nossos corações.

De há muito, o INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI pedia às autoridades a urbanização desta área, o seu aproveitamento, como ponto turístico.

O Prefeito Ariovaldo Carvalho chegou, enfim, para transformar em realidade a idéia desta praça, deste largo de tantas cintilações históricas na vida da cidade.

Em nome do mesmo Instituto, em nome da comunidade, aqui estamos para agradecer ao gestor da cousa pública.

E dizer-lhe que o seu nome também estará inscrito na nossa história, pela admirável administração que está fazendo e que devolve ao Crato todos os títulos de liderança a que esta Terra, de um passado tão ilustre, fez jús.

Muito obrigado, Senhor P refeito!

Neste instante, nossas almas se ajoelham no altar cívico que Vossa Excia. aqui plantou.

E rezam a oração do agradecimento, que sobe aos céus e eterniza nossa gratidão, em nome do Crato, em nome do seu povo, em nome de sua história!!!

 

 

 

DISCURSO PUBLICADO NA REVISTA ITAYTERA NÚMERO 25, DE 1981. PÁGINAS 191 E 192.

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