segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A GUERRA DE JOÃO ROBERTO PEREIRA 1923

 

                "João Roberto era um comerciante que veio do Bodocó acompanhado de dois irmãos: Vicente Roberto Pereira e Manoel Pereira Roberto. Aqui se tornaram prósperos homens de negócios, chegando a abrir lojas, mercearias, bodega, fábrica de bebida e fábrica de cigarro. Os negócios cresceram, pois estes comerciantes prestavam um bom atendimento aos fregueses e serviam muito ao povo através de uma forma de comércio que facilitava o crédito às pessoas pobres. Logo João Roberto se tornou um homem popular, entrou para a Câmara Municipal.  Mas a vida pacata desses homens haveria de sofrer uma grande transformação.

                Naquela época era comum políticos mandarem soltar pessoas presas mesmo em caso de crimes, quando estas eram da sua corrente política. Então, no ano de 1923 ocorreu uma morte no sertão, e como o assassino era protegido político de João Roberto, a família pediu a este que o soltasse. Quando foi tentar soltar o preso, houve um tumulto na delegacia e um soldado foi morto. O caso foi comunicado ao Governador do Estado, o qual mandou para cá um destacamento, a fim de garantir a prisão do assassino, apurar a morte do soldado e prender o suspeito. Então, o Juiz de Direito, o Dr. Lima Botelho (fundador e professor do Colégio 24 de Abril) mandou prender João Roberto. No entanto este, além de não se entregar, ainda intimou o Juiz a se retirar da cidade em 24 horas. Apavorado, Lima Botelho se retirou da cidade, e foi nomeado um Juiz Interino para a cidade.

                A polícia foi então ao estabelecimento comercial de João Roberto, na praça principal da cidade, e ali travou um intenso tiroteio, causando um grande tumulto na cidade, pois era dia de feira. Na confusão, um feirante foi morto. Sem se entregar, João Roberto se retirou para casa, depois fugiu para a vizinha cidade de Porteiras. No caminho, prendeu o Dr. Silva Thé, o qual vinha de Porteiras para assumir a comarca de Jardim como Juiz interino. O Dr. Silva Thé somente foi libertado quando uma comissão de homens da cidade de Jardim, foi até onde ele se encontrava, para negociar sua liberdade.

                Depois de soltar o juiz, João Roberto voltou para Jardim e aqui chegando foi atacado novamente pela polícia às quatro horas da madrugada. Debaixo de fogo pesado, ele e seus irmãos colocaram uma bandeira branca na frente da casa e se entregaram. Passado algum tempo ele  conseguiu sair da cadeia e seguiu para o Estado do Piauí, e Vicente Roberto veio a falecer em decorrência desse ataque. Manoel e João Roberto voltaram novamente para Jardim, responderam a processo e depois de se livrarem, retornaram para São Paulo." 


FONTE: História de Jardim: suas contradições e seu folclore, p.55,56

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