sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

BARBOSA DE FREITAS

BARBOSA DE FREITAS

Praça Barbosa de Freitas. Década de 1960.

Praça Barbosa de Freitas. Década de 1950.
Praça Barbosa de Freitas. Década de 1970.


          Antonio Barbosa de Freitas, um dos mais ilustres filhos jardinenses, era filho de D. Maria Barbosa da Silva. Nasceu no Sítio Cotuvelo, no dia 22 de janeiro de 1860, e faleceu em Fortaleza, em 24 de janeiro de 1883. Criança ainda, deixou a terra natal para estudar no Seminário de Fortaleza, levado que fora pelo Juiz de Direito de Jardim, Desembargador Américo Militão de Freitas Guimarães.              Mas não sentindo inclinação para a carreira eclesiástica, abandonou os estudos. Após esse período viveu em Fortaleza, Maranguape e Rio de Janeiro. Pelas datas de seus poemas, presume-se tenha ido ao Rio por mais de uma vez. Em 1876 quando fez sua primeira viagem ao Sul, escreveu o lindo poema "Adeus ao Ceará". Tinha ele 16 anos de idade. Por ter passado a maior parte de sua vida na cidade de Maranguape, alguns biógrafos do poeta julgaram-no natural dali. A vida sem conforto vivida nos pés de serra de Jardim e o assassínio de seu pai o rábula Antônio Nogueira de Carvalho, no mercado público dali, não empanaram o brilho e a felicidade da vida do poeta quando menino. Longe da terra natal, sem recursos financeiros e sem família que o apoiasse, Barbosa de Freitas buscou na bebida o lenitivo para os seus infortúnios.                                                                                                                 A vida boêmia e desregrada que levava foi aos poucos minando sua saúde. Bastante doente, a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza o acolheu levado pelos poucos amigos que lhe restavam. Mas era tarde demais. No dia 24 de janeiro de 1883, aos 22 anos de idade, partia em busca de um mundo melhor. Antes de morrer, sentindo que já chegava o fim, escreveu a lápis num lençol o seu último poema:

 "Aos meus 22 nos". Sombras da noite, horríveis sombras! 

O que buscais em torno do meu leito?! 

Vireis trazer o bálsamo da vida, Ou alentar a esperança no meu peito? 

Sombras da noite eterna, horríveis sombras! 

Deixai, deixai-me em plácido sossego! 

Inda lobrigo, à tênue luz dos sonhos, 

Dos meus vergeis as gramas viridentes, meus perfumosos lírios tão risonhos! 

Deixai, deixai-me em plácido sossego. 

Sinto saudades das manhãs de moço, 

De tia Maria - inocência hebrea! 

Mas... qual da noite a luz do fogo errante, 

De minha vida a lampa bruxuléia, 

Sinto saudades das manhãs de moço! 

Oh! noites de luar, divinas noites, 

Quando no parque a sós brincava à toa!... 

Onde te ocultas tu, loiro passado, 

Quando eu colhia os juncos da lagoa?!... 

Oh, noites de luar, divinas noites! 

E tu, oh minha turba de amiguinhos 

Desse labor insano da inocência 

Onde vos lança a fúria do destino, 

Onde os detém a mão da providência?! 

E tu, oh! minha turba de amiguinhos! ... 

(Jardim: sua história e sua gente, p. 119~123)


Por José Márcio da Silva.




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