quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

JOAQUIM ALVES DE OLIVEIRA

JOQUIM ALVES

Espaço da Praça Joaquim Alves antes da construção.
Praça Joaquim Alves em 1984. A conhecida Praça dos Correios.

                Primeiro que tudo, é bom que se saiba, que Jardim teve 2(dois) Joaquim Alves de importância para a história do município. Tivemos Joaquim Alves da Rocha, mais conhecido por Coronel Rocha, elevou Jardim à categoria de cidade. E Joaquim Alves de Oliveira.

               Joaquim Alves de Oliveira nasceu em Jardim (CE) em 10 de feve­reiro de 1894 e morreu em Fortaleza (CE) aos 8 de junho de 1952.

                Filho de Miguel Alves Tinín de Oliveira e de Maria Magalhães de Oliveira.

                Formado em Odontologia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará (1920).

Andou praticando clínica odontológica nos sertões cearenses, mas voltou para Fortaleza, dedicando-se ao magistério público e particular; foi catedrático do Instituto de Educação Justiniano de Serpa e da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará, sendo ainda Inspetor

Regional do Ensino. Ingressou na Academia Cearense de Letras em 15 de agosto de 1951;

Também, no Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antro­pológico), com posse em 6  de janeiro de 1943.  Um dos criadores do Grupo Clã.

                Dos seus escritos, dois textos evidenciam o escritor naturalista:

• ALVES, J. O Vale do Cariri. Rev. Inst. Ceará, Fortaleza, t. 59, p.94 - 133· 1945·

• __  . Historia das Secas (Séculos XVI/ a XIX). Mossoró: Fund. Guimarães Duque, 1953. 243 p. (/Coleção Mossoroense ). ; 2. ed., 1982

Fonte: Os naturalistas da Academia Cearense de Letras Autor: Melquíades  Pinto Paiva  (Professor titular (aposentado) da Universidade Federal do Ceará. Sóciocorrespondente da Academia Cearense de Letras. )

http://www.academiacearensedeletras.org.br/revista/revistas/2009/ACL_2009_13_Os_Naturalistas_da_Academia_Cearense_de_Letras_Melquiades_Pinto_de_Paiva.pdf

                Quando de sua morte em 1952, a revista do Instituto do Ceará publicou um artigo intitulado A morte de Joaquim Alves, autoria de Florival Seraine:

                " Joaquim Alves era o rebento do Cariri, o homem da Praça do Ferreira, o cearense, o filho deste Nordeste tormentoso e bravo. Tudo isso com espontaneidade, medular e superiormente traduzido.

                 A sua vida era plena, elevada de natural sinceridade (...) Os valores éticos transpareciam na dignidade e na pureza do seu viver; os seus atos eram claros e imbuídos de franqueza (...) Era homem de tendências sociais, amante das conversações urbanas, dos ruidosos e animados colóquios citadinos.

                 Procedia Joaquim Alves de conhecidas famílias do sul do Estado - Alves de Matos e Rocha, pelo ramo do seu genitor; Magalhães Lacerda e Furtado pela ascendência materna. Consorciara-se a primeira vez com D. Josefa Batista de Oliveira elemento de abastada e digna estirpe cearense, e em segundas núpcias com D. Milza Xavier de Oliveira.

                Seu filho, Dr. Elisio Alves, engenheiro civil pela Escola Nacional de Engenharia, pertence ao corpo técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; sua filha Sta. Maria Helena Xavier Alves é dedicada acadêmica de Medicina no Rio de Janeiro - Fernando Roberto Xavier Alves, cursa o 2º ano do Colégio Castelo, nesta capital(1952).

                Compõe a bibliografia do nosso ex-companheiro de lides culturais as seguintes obras:

*Nas fronteiras do Nordeste, de 1929;

*Estudos de Pedagogia Regional , de 1939;

*Autores Cearenses, de 1949;

*História das secas no Ceará (obra póstuma);

                Divulgou vários artigos de cunho científico:

*O Ceará e suas regiões naturais. Na Revista da Sociedade Cearense de Geografia e História, números 1,2 e 4;

*Aspectos antropogeográficos do cangaceirirsmo. Na revista acima citada, números 1 e 3;

*Introdução às ciências geográficas. Na Revista do Professor, de São Paulo, n 15;

*As migrações do São Francisco para o Vale do Cariri. No Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, de 21 de outubro de 1934;

*Clima e alimentação do Nordeste. No Jornal do Comércio de Recife, edição de 2 de maio de 1937;

*Alimentação das populações rurais. Em O Povo, de Fortaleza, ns 14 e 15 de janeiro de 1935;

*Afrologia brasileira. Na Revista da Sociedade Cearense de Geografia e História, em 1939;

*Clima cearense. Idem;

*Evolução social dos sertões. Em O Ceará, de Fortaleza;

*Ensino profissional rural. Na Revista do Professor, de São Paulo, n 16, de 1936;

*Juazeiro cidade mística. Na Revista do Instituto do Ceará, volume de 1948;

*O Vale do Cariri. Apresentado ao X Congresso Brasileiro de Geografia, do Rio de Janeiro, aprovado e mandado publicar nos Anais desse conclave, saída a lume em 1946, na Revista do Instituto do Ceará.

                A Antropologia e a Pedagogia foram, destarte, as ciências que concentraram as atenções de Joaquim Alves, embora certa preocupação sociológica transparecesse em inúmeros passos da sua obra.

                A começar pelo seu livro de estreia - "Nas fronteiras do Nordeste", que a crítica recebeu de modo assaz lisonjeiro e de logo o consagrou figura meritória das letras regionais, até alcançar seu último trabalho editado "Juazeiro cidade mística", faz referência a determinados fenômenos sociais, ao abordar temas de nossa realidade cultural.

                Destaca-se mormente nas apreciações de livros históricos, geográficos ou etnográficos, e procura encarar, não raro, as produções focalizadas do ângulo de uma compreensão sociológica da obra de arte.

                Na posição de crítico, jamais revelou atitudes de irreverente censor das produções alheias, preocupado em acentuar deficiências, incapaz de discernir qualidades no autor analisado.

                Ao contrário, sua crítica literária parece-nos executada com o objetivo secreto de difundir a produção dos seus conterrâneos: seria outra obra de altruísmo, de pura fraternidade, saída da sua pena de escritor. Pois - e aqui indicamos novo aspecto da personalidade de Joaquim Alves - desde a sua juventude, em 1919, quando elabora os seus primeiros artigos para a imprensa, e funda com outros espíritos emancipados o Partido Socialista Cearense, desde as suas primícias literárias foi um preocupado com a "questão social", conservando pela vida em fora o seu interesse pelos problemas coletivos.

            Joaquim Alves nunca se esmerou em façanhas extraordinárias, nem buscou posar para a posteridade.

                A sua grandeza decorria principalmente da unidade orgânica, a coerência entre a sua obra e a sua vida.

                Entre as ideias que propalava e lhe cabia realizar, como intelectual e mestre da juventude, e a sua conduta na órbita social: a ética veraz da sua existência.

                Nesta homenagem que o Instituto do Ceará, através de nossas pálidas expressões, rende à memória do nosso falecido consócio, procura-se, além de demonstrar a dor que nos atingiu pelo seu passamento e a consciência da vultosa perda humana que o Ceará recentemente sofreu (1952), apontar às novas gerações o exemplo de uma vida autêntica a admirar e a seguir."

(Florival Seraine. Revista do Instituto do Ceará, 1952. Págs: 30, 31, 32, 33, 34 e 35.)

                A academia Cearense de Letras, quando de seu falecimento também publicou:

                No dia 8 de Junho de 1952 faleceu nesta capital o ilustre escritor cearense Joaquim Alves, membro efetivo da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará. Foi uma figura de autêntico merecimento que nos círculos literários de Fortaleza granjeou justa notoriedade, pela realização de uma obra importante que firmará seu nome entre as mais belas expressões mentais de nossa terra. Lançando-se a assuntos de grande monta e responsabilidade no campo dos fenômenos sociais, econômicos e educacionais, conseguiu deixar uma notável bagagem literária como se pode ver dos seus livros: "Nas Fronteiras do Nordeste" (1929); Estudos de Pedagogia Regional (1939); "O Vale do Cariri" (1948); "Juazeiro, cidade mística" (1949); "Autores Cearenses" (1949); "Ceará e suas Regiões Naturais" e "História das Secas", a publicar. Além disso, farta e variada colaboração permanente se acha em jornais e revistas, que dará outros tantos volumes interessantes.                                               

                Na maior simplicidade e modéstia, sem a vaidade dos que fazem do saber um monopólio, exerceu Joaquim Alves o melhor de sua atividade mental evitando alarde em torno de sua pessoa, com a nobre compreensão ela dignidade do seu destino entre os seus semelhantes.

                Assim foi que, apesar da diferença ele mais de vinte anos, tomou parte saliente entre os rapazes de "Clã" e da ABDE ", confundindo-se com eles, no esforço comum desse movimento da mocidade cearense em prol do engrandecimento das nossas letras. E no cooperar com esse grupo, debatia as questões suscitadas com vivacidade de ânimo como se fosse o mais jovem de todos. Daí porque a sua morte causou profunda consternação entre os seus companheiros e a revista "Clã" dedicou-lhe páginas de tocante homenagem.

                No "Instituto do Ceará" ou na "Academia Cearense de Letras", foi, também, um dos elementos mais profícuos e brilhantes. Com todas as iniciativas ou deliberações compartilhava, assiduamente, com aquele entusiasmo e alegria que eram as características principais do seu sadio espírito sempre disposto ao trabalho e aos cometimentos altruísticos. Sua morte deixou um vazio difícil de preencher. Grande foi a tristeza da perda do magnífico companheiro, que continuará a viver na saudade de todos nós. (fonte: Revista da Academia Cearense de Letras, Sessão Os Nossos Mortos,  1953, pág 190)

Por José Márcio da Silva

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