1896 - PADRE MIGUEL COELHO EM JARDIM
O Padre Miguel Coelho de Sá Barreto, de tradicional
família caririense, nasceu em Barbalha, no dia 8 de maio de 1870. Foram seus
pais o capitão Luíz Carlos Sampaio e dona Gertrudes P. de Sá Barreto.
Concluiu os estudos eclesiásticos em Fortaleza, onde
se ordenou pelo Seminário da Prainha em 30 de novembro de 1892, com 23 anos de
idade incompletos.
Após a
ordenação, exerceu o magistério no Seminário de Crato, até sua ida para a
paróquia de Jardim, nomeado que fora em 7 de abril de 1896. A posse deu-se em 5
de maio do mesmo ano.
Durante sua permanência em Jardim, que durou 9 anos,
o padre Miguel conquistou os corações dos jardinenses, que ainda o amam como se
filho da terra fosse.
Inteligente, culto e empreendedor, o jovem levita não
se ateve apenas à prática dos atos inerentes ao sacerdócio. Foi mais além e
fundou um colégio onde, por alguns anos, os jovens da época receberam sadios
ensinamentos.
Muitos benefícios prestou o padre Miguel ao povo de
Jardim, tanto no campo espiritual quanto material. Mas quis a Divina
Providência que ele partisse para atender ao chamado do Pai. No dia 9 de
fevereiro de 1908, deixava a cidade, já doente, para a localidade Fazenda Brás,
onde faleceu às 2 horas da tarde do dia 15 de abril do mesmo ano. Seu corpo foi
conduzido dali para a capela do Riacho do Meio, município de Barbalha, onde foi
sepultado. Ao seu sepultamento compareceu uma caravana de jardinenses composta
pelas seguintes pessoas: Tenente-Coronel José Caminha de Anchieta Gondim, Júlio
Lóssio, Augusto Gouveia, José de Sá Barreto, Alfredo Rocha, José Morais,
Alencar Filho, Antônio Barreto, Manoel Jorge, João Landim, João Barreto,
Vitorino Barreto Couto de Alencar e João Sabino.
Segundo consta, morreu vitimado por lesão cardíaca,
mas para os jardineses que o consideram santo, morreu para não violar os votos
de castidade. Ainda existem muitos parentes seus residindo em Jardim. Sua morte
aos 39 anos, foi muito sentida.
O Dr. Napoleão Tavares Neves, na revista Itaytera nº
30, afirma que talvez o sacerdote tenha sido acometido de uma cardiopatia chagástica.
Trata-se de um diagnóstico provável, segundo acentua, já que se trata de uma
doença antiga e havia, na época, como hoje, barbeiro na zona rural de
Barbalha."(idem p.13)
Sobre o padre Miguel assim se expressou um dos seus
biógrafos: "Foi um sacerdote de vida sem jaça, inteligente, orador fluente
e empolgante, cuja palavra arrebatava os ouvintes".
Foi uma das glórias do clero cearense, considerado o
primeiro orador sacro do Ceará. (Jardim: sua história e sua gente, p. 39,40)
Por José Márcio da Silva.
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