1862 - A EPIDEMIA DE CÓLERA
A cólera não teve início na Europa, mas sim na Ásia,
daí ser chamada de "cólera asiática" pelos epidemiólogos.
Surpreendentemente, a historiografia sobre esta doença temível, causada pelo
bacilo Vibrio comma, dá maior destaque a seus efeitos sobre as
populações européias do que sobre as asiáticas. Tem-se notícia da primeira
aparição epidêmica na Europa em fins do século XII ou início do XIII. Ainda que
a cólera tenha feito suas primeiras vítimas nessa época de ampliação dos
contatos entre Europa e Oriente, foi no século XIX que ela marcou profundamente
a história da humanidade, originando-se dos seus nichos ecológicos na
Índia -um permanente foco de reprodução do bacilo ainda em nossos dias -e
propagando-se da região de Bengala e do Delta do Ganges por toda a Europa e
Américas. A partir de 1850, a navegação a vapor e o transporte ferroviário
intensificaram os deslocamentos populacionais e as trocas comerciais. Das
antigas rotas brotavam outros cursos da doença. O Brasil não tardaria a
incluir-se nos novos itinerários. Em 1855, os portos brasileiros já acusavam
os primeiros casos de infecção colérica.
Em fevereiro de
1862, o Ceará foi invadido por uma epidemia de cólera que matou grande parte da
população. O "Cólera Morbus". Foram acometidas as cidades de Icó,
Lavras (Lavras da Mangabeira), Maranguape, Crato, Várzea Alegre, Tauá, São
Bernardo de Russas, União, Poço da onça, Passagem de Pedras (Itaiçaba),
Aracati, Iguatu, Sucatinga, Pacatuba, São João do Príncipe, Acarape (Redenção),
Arneiróz, Marrecas, (Parambu) Fortaleza, Milagres, Jardim, Jubaia, Tabatinga,
Sapupara, Jereraú, Limão, Urucará e Boa Vista. (Da dissertação: Um Século de
Cólera; Itinerário do Medo. De Luiz Antonio de Castro Santos,1994).
5 de abril de 1862,
surgiu o cólera-morbo em Milagres, no distrito de Coité, onde vitimou 105 de
seus habitantes. Em toda a comarca milagrense foram atacadas 4.270 pessoas, das
quais faleceram 730.
23 de abril de 1862, foi atingido o Jardim
pelo cólera-morbo, no lugar Poço, que se extinguiu em fins de junho, tendo
feito 66 vítimas. Passou à vila, onde em 18 dias ceifou 200 vidas. Em todo o
município foram atacados 3.370 indivíduos, dos quais morreram 550.
Em 30 de abril de
1862 em Crato com 1.100 mortes e em 12 de maio de 1862, em Missão Velha, com 36
mortes. (O Cariri pág. 130 e Efemérides
do Cariri, págs.147, 148)
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